Longevidade / 31-12-2024
Estresse oxidativo: O que é e como pode influenciar o envelhecimento do seu corpo
O estresse oxidativo é um processo biológico que ocorre quando há um desequilíbrio entre a produção de Espécies Reativas De Oxigênio (ROS, na sigla em inglês) e a capacidade do organismo de neutralizá-las. Esse processo pode levar a danos celulares, inflamação e doenças crônicas, incluindo o envelhecimento [1]. Quer saber mais sobre a biologia do envelhecimento? Então vem com a gente nessa jornada científica para entender como o estresse oxidativo pode ser o vilão do envelhecimento e como podemos combatê-lo.
Afinal o que é o estresse oxidativo e porque ele afeta o envelhecimento?
Para entender como o estresse oxidativo pode afetar o envelhecimento, precisamos primeiro entender o que são as ROS. Essas moléculas são produzidas naturalmente no organismo como resultado de processos metabólicos, como a respiração celular. No entanto, a exposição a fatores externos, como poluentes, radiação e dieta inadequada, pode aumentar a produção de ROS. Quando há um excesso dessas moléculas em relação aos antioxidantes naturais do organismo, ocorre o estresse oxidativo [2].
O estresse oxidativo pode afetar diferentes componentes celulares, incluindo proteínas, lipídios e o DNA. Esses danos podem levar a uma variedade de consequências, incluindo mutações genéticas, inflamação crônica e morte celular. Esses efeitos podem contribuir para o envelhecimento, bem como para uma série de doenças crônicas, incluindo doenças cardíacas, câncer e Alzheimer [2].
Um exemplo de como o estresse oxidativo pode afetar o envelhecimento é a diminuição da função mitocondrial [3]. Mas vamos com calma, o que são as mitocôndrias? As mitocôndrias são as organelas celulares responsáveis pela produção de energia celular (Também chamada de ATP). A produção de ROS dentro das mitocôndrias pode causar danos às suas membranas e componentes proteicos, reduzindo a eficiência da produção de ATP. Esses danos acumulativos podem levar a uma diminuição na função mitocondrial, que é uma característica do envelhecimento [3, 4].
Além disso, o estresse oxidativo também pode contribuir para o acúmulo de proteínas danificadas, como as beta-amiloide encontradas na doença de Alzheimer. A produção excessiva de ROS pode levar à formação de agregados de proteínas, que são difíceis para as células removerem e podem levar a danos celulares adicionais [5].
Um estudo recente, publicado na revista científica Ageing Research Reviews em 2017, explorou o papel do estresse oxidativo na função cerebral. Os pesquisadores descobriram que o estresse oxidativo pode levar à disfunção sináptica, que é a comunicação entre os neurônios. Isso pode afetar a cognição, a memória e outras funções cerebrais, especialmente em idosos e pessoas com Alzheimer [6].
Um fator interessante sobre o estresse oxidativo e o envelhecimento é que ele pode depender de vários fatores, como ambiente, exposição a poluentes, gênero, idade, etc. Um trabalho publicado em 2010 na revista Antioxidants & redox signaling apresenta uma revisão sobre as diferenças de gênero na expectativa de vida, destacando que as mulheres tendem a viver mais do que os homens em todo o mundo. Eles discutem que as diferenças hormonais, particularmente o estrogênio, podem estar envolvidas na regulação da longevidade e proteção contra doenças relacionadas à idade. O estrogênio é conhecido por ter propriedades antioxidantes que podem proteger as células do estresse oxidativo e reduzir o risco de doenças cardiovasculares, câncer e outras doenças relacionadas à idade [7].
O que reduz o estresse oxidativo?
Essa é uma pergunta muito frequente na atualidade, e felizmente, há maneiras de reduzir o estresse oxidativo no corpo. A dieta desempenha um papel importante, uma vez que a ingestão de alimentos ricos em antioxidantes pode ajudar a neutralizar os ROS. Frutas e vegetais, em particular, contêm uma variedade de antioxidantes, incluindo vitamina C, carotenoides e polifenóis. Além disso, a atividade física regular também pode ajudar a reduzir o estresse oxidativo. O exercício aeróbico, em particular, tem sido associado a uma redução nos marcadores de estresse oxidativo [8,9].
Suplementos antioxidantes também são amplamente comercializados como uma maneira de combater o estresse oxidativo. No entanto, a eficácia desses suplementos na prevenção de doenças crônicas e no envelhecimento ainda é controversa. Alguns estudos mostraram benefícios, enquanto outros mostraram efeitos adversos. É importante lembrar que nem todos os antioxidantes são iguais, e que a dose e a fonte podem afetar sua eficácia. Por isso consulte sempre um profissional da saúde antes de iniciar qualquer suplementação ou mudanças de hábitos saudáveis [10].
Referências:
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Miquel, J., Economos, A. C., Fleming, J., & Johnson Jr, J. E. (1980). Mitochondrial role in cell aging. Experimental gerontology, 15(6), 575-591.
Gella A, Durany N. (2009) Oxidative stress in Alzheimer disease. Cell Adh Migr. 3 (1):88-93.
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Viña, J., & Borras, C. (2010). Women live longer than men: understanding molecular mechanisms offers opportunities to intervene by using estrogenic compounds. Antioxidants & redox signaling, 13(2), 269-278.
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Verhaegen, D.; Smits, K.; Osório, N.; Caseiro, A. (2022) Oxidative Stress in Relation to Aging and Exercise. Encyclopedia, 2, 1545-1558.
Martemucci G, Portincasa P, Di Ciaula A, Mariano M, Centonze V, D'Alessandro AG. (2022) Oxidative stress, aging, antioxidant supplementation and their impact on human health: An overview. Mech Ageing Dev. 206:111707.