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Os Desafios Atuais da COVID-19: Variantes do vírus e seus mecanismos de escapar do sistema imune

Saúde  /  01-10-2024

Os Desafios Atuais da COVID-19: Variantes do vírus e seus mecanismos de escapar do sistema imune

Introdução

Embora a pandemia de COVID-19 tenha começado há mais de três anos, seus efeitos e desafios ainda são profundamente sentidos em todo o mundo. Embora tenhamos alcançado progressos significativos na vacinação e no tratamento da doença, diversos obstáculos continuam a impactar a saúde pública, a economia e a sociedade em geral. Nesta matéria, vamos explorar os dois desafios atuais relacionados à COVID-19, que são as variantes do vírus SARS-CoV-2 e os mecanismos que ele utiliza par escapar da detecção pelo sistema imune.

Variantes do Vírus

Uma das maiores preocupações atuais são as variantes do vírus SARS-CoV-2. As mutações do vírus podem resultar em cepas mais transmissíveis, mais resistentes às vacinas ou até mesmo mais perigosas. 

É importante entender que a formação de variantes é um processo natural em qualquer vírus. Os vírus se replicam rapidamente e, durante esse processo, ocorrem pequenos erros ou mudanças no código genético, conhecidos como mutações. A maioria dessas mutações não tem impacto significativo, mas algumas podem conferir ao vírus vantagens seletivas, como maior transmissibilidade ou capacidade de escapar da resposta imune. 

À medida que o vírus continua a se espalhar globalmente, novas variantes podem surgir. Esse é um aspecto inevitável da evolução viral. Algumas dessas variantes podem ser inofensivas, mas outras podem apresentar desafios adicionais. Por exemplo, uma variante pode se espalhar mais facilmente de pessoa para pessoa, como foi o caso da variante Delta. Outra variante pode ser parcialmente resistente às vacinas existentes, como vimos com a Omicron [1].


O Que Pode Ser Feito?

Para combater as variantes, é crucial continuar monitorando o vírus de perto. Isso envolve a realização de testes genômicos regulares e a colaboração internacional para compartilhar dados. Além disso, adaptar e atualizar as vacinas existentes para que sejam eficazes contra novas variantes é uma medida essencial. As vacinas de mRNA, como as produzidas pela Pfizer-BioNTech e Moderna, têm a vantagem de poder ser modificadas rapidamente para enfrentar novas variantes [2].


Hesitação e Acesso à Vacina

Outro desafio crítico é a hesitação em tomar a vacina e a desigualdade no acesso às vacinas. Em muitos países, especialmente aqueles com menos recursos, a distribuição de vacinas ainda é inadequada. Além disso, a desinformação e a desconfiança em relação às vacinas levam muitas pessoas a evitar a imunização.

Para resolver esses problemas, campanhas de conscientização pública que forneçam informações claras e precisas sobre a segurança e eficácia das vacinas são fundamentais. Organizações governamentais e não-governamentais devem trabalhar juntas para garantir que as vacinas sejam distribuídas equitativamente, independentemente da localização geográfica ou do status socioeconômico [2].


Mecanismo de escape do sistema imune


Existem pelo menos sete estratégias reportadas na literatura que o vírus SARS-CoV-2 utiliza para “escapar” do sistema imune (A chamada evasão do sistema imune), sendo algumas delas:

  1. A camuflagem da proteína Spike (mascaramento de epítopo por moléculas de glicano);

  2. Indução de mitofagia incompleta para evitar a apoptose de algumas células infectadas e aumentar a replicação do vírus;

  3. Evasão imunológica através da liberação de exossomos (Vesiculas que carregam proteínas, lipídios, carboidratos e material genético) [3].

Essas entre outras estratégias demonstram que o SARS-CoV-2 assim como outro vírus é capaz de camuflar a proteína que é reconhecida pelo sistema imune, alterar taxa de apoptose de células infectadas e liberar material genético de formas diferentes do convencional a fim aumentar proliferação viral.

Apesar de o sistema imunológico ter evoluído para se defender destes patógenos, os vírus adquiriram mecanismos de evasão inteligentes para evitar serem detectados e destruídos. 

O SARS-CoV-2 interessantemente demonstrou uma capacidade notável de escapar à neutralização de anticorpos, o que influenciou diretamente na eficácia das vacinas e consequentemente na permanência desse vírus por mais tempo circulando na população já que os imunizados não desenvolvem proteção a longo prazo contra este vírus.

Estudos envolvendo este tema vem crescendo, diversos centros de pesquisa vêm tentando entender esses mecanismos utilizados pelo SARS-CoV-2 a fim de desenvolver formas de neutralizar essas estratégias de evasão do sistema imune.

Um estudo realizado por uma Brasileira em conjunto com pesquisadores de Harvard e da Alemanha publicado na revista Cell e recentemente destacado na revista FAPESP, descobriu que o vírus SARS-CoV2 consegue diminuir os vestígios de sua presença dentro das células, escapando assim do sistema imunológico [3,4].

E como tudo isso acontece? Vamos entender melhor

Quando um Vírus infecta um organismo, uma das principais linhas de defesa são as células NK (Natural Killers) elas compõem a resposta inata e são a principal barreira contra uma infecção. 

As NKG2D são proteínas de superfícies das células NK, elas reconhecem moléculas produzidas pelo vírus (por exemplo o MIC-A/B) e assim conseguem identificar que há uma infecção e então sinalizar para a eliminação da célula infectada. 

Bem, no caso de pacientes com COVID-19, foi observado a presença de uma proteína (ORF6) conservada na família do Coronavírus, ela age de forma interessante liberando as moléculas MIC-A/B da superfície de células infectadas impedindo que as células NK do sistema imune identifiquem as células infectadas e assim favorecendo a permanência do vírus. 

Esse é um mecanismo novo, identificado recentemente e publicado em maio de 2024, demonstrando que a cada dia novas descobertas vem surgindo e esses estudo são de extrema importância para o desenvolvimento de novas estratégias de contenção do vírus [3,4]. 

A CHIC acredita que a pesquisa abre frentes para novas terapias inovadoras e novas formas de combater essa e outras infecções virais. 


Fique por dentro para novidades sobre esse tema no nosso blog.

Para Nós Chic é ter saúde. 


Referências


1 – Sun C, Xie C, Bu GL, Zhong LY, Zeng MS. Molecular characteristics, immune evasion, and impact of SARS-CoV-2 variants. Signal Transduct Target Ther. 2022 Jun 28;7(1):202.

2 – World Health Organization (WHO) - https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/question-and-answers-hub/q-a-detail/coronavirus-disease-%28covid-19%29-variants-of-sars-cov-2?gad_source=1&gclid=CjwKCAjw1K-zBhBIEiwAWeCOF25Zp6mNbhAP29-xoz09c9coCoxWjSPP4-g-ZRVsbfXmpovrP9vXARoC6JQQAvD_BwE

3 – Rubio-Casillas A, Redwan EM, Uversky VN. SARS-CoV-2: A Master of Immune Evasion. Biomedicines. 2022 Jun 7;10(6):1339. 

4 – Revista FAPESP - https://agencia.fapesp.br/estudo-identifica-proteina-que-ajuda-o-virus-da-covid-19-a-fugir-do-sistema-imune/51897

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Sobre a autora:

PhD em biotecnologia.
Carla se tornou PhD em biotecnologia pela Universidade Federal de São Carlos. Possui mais de 10 anos de experiencia em análises de biologia molecular. Carla é apaixonada por aprender os meceanismos por trás dos processos biológicos e trazer essas informações cientificas ao público acadêmico e não acadêmico.

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